domingo, 29 de março de 2009

Vilma X Alaor Barbosa


A Editora LGE retirou do mercado 700 exemplares de “Sinfonia Minas Gerais: a vida e a literatura de João Guimarães Rosa, lançado no final de 2007. A ação aconteceu depois que o juiz Marcelo de Moraes marinho, da 24º Vara Cível do Rio de Janeiro, ordenou o recolhimento do livro e aceitou as acusações de Vilma Guimarães Rosa, filha do escritor mineiro que processa a editora por plágio e lesão de direitos autorais. De autoria do goiano Alaor Barbosa, “Sinfonia Minas Gerais” é o primeiro volume de uma biografia que conta com análise de obras de Guimarães Rosa e relatos de conversas com o autor.


“É o que está ocorrendo com a maioria das biografias não autorizadas no Brasil. os herdeiros acham que têm direito sobre tudo que se faça sobre seus antepassados e passam por cima do direito constitucional de livre expressão. O livro exalta Guimarães, além de contar histórias de uma pessoa que conviveu com ele”, lamenta Antônio Carlos Navarro, que já gastou mais de R$ 10 mil para recolher os livros.

Autorização prévia - No processo movido em parceria com a Nova Fronteira, editora de Guimarães, Vilma alega que nada pode ser publicado sobre o pai sem autorização prévia e acusa o autor de plágio por reproduzir 102 citações de “Relembramentos: João Guimarães Rosa, meu pai”, livro de memórias que ela escreveu. Vilma também diz que o livro de Barbosa contém erros e que o autor jamais foi amigo de Rosa. ” O senhor nunca diga a ninguém que o embaixador João Guimarães Rosa, um homem ocupadíssimo, perdia tempo, horas e horas conforme o senhor está dizendo, em conversar com um rapazinho anônimo. Se o senhor disser isso em público, passará por mentiroso”, disse Vilma, ao contestar a amizade descrita por Barbosa.

“na Europa e nos Estados Unidos, não há necessidade de autorização para biografias. Aqui também não, mas muita gente está distorcendo a lei para criar no Brasil a necessidade de autorização, que é uma censura prévia. A censura foi abolida pela Constituição. Muita gente está interpretando erroneamente o artigo 20 do Código Civil e é nele que se baseia a ação da filha do Rosa”, explica Barobosa. O artigo confere a herdeiros a legitimidade para proibir a publicação de informações que atinjam a honra de antepassados e tenham finalidade comercial.
Barbosa conta que, antes de publicar o livro, procurou Vilma para checar certas informações, mas diz que foi recebido com arrogância. Além disso, segundo o autor, “Sinfonia Minas Gerais” é uma homenagem e não fere a honra de Guimarães Rosa. “É um estudo da obra dele e uma biografia que não tem tanta coisa. Não entro em detalhes da vida dele, é mais literário”.


Clique no link abaixo para ler a entrevista completa de Vilma Guimarães Rosa ao Correio Brasiliense.



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